Marcas do Poder

“Eu sou da raça que funda impérios”, palavras de Napoleão, que descendia de nobres italianos, de origem toscana, que vieram para a Córsega da Ligúria no século XVI.

Cinco curiosidades sobre a vida de Napoleão

1. Por que Veneza se rendeu a Napoleão?

2. Napoleão foi o primeiro rei da Itália?

3. Napoleão foi alvo de atentados contra sua vida?

4. Por que Napoleão foi exilado em Santa Helena?

5. Quais são os principais legados do domínio napoleônico?

1. Por que Veneza se rendeu a Napoleão?

Em 12 de Maio de 1797, o declínio da República de Veneza chegou ao fim e, após onze séculos de independência, a Sereníssima decidiu capitular e se render a Napoleão, que conseguiu concretizar seu intento apenas 10 dias após a declaração de guerra. A captura da Sereníssima, de fato, foi uma das empreitadas mais simples do general francês, já que o idoso Doge Ludovico Manin , de acordo com o Grande Conselho, não levou em consideração a possibilidade de se defender e entrar em guerra contra Napoleão. As razões para esta decisão podem ser atribuídas ao medo das repercussões violentas e inevitáveis ​​das tropas francesas contra os venezianos no caso de uma derrota.

Veneza, como outras conquistas de Napoleão, provou ser apenas uma moeda de troca com os austríacos nos acordos do Tratado de Campo Formio de 17 de outubro de 1797 e retornou novamente ao controle de Napoleão em 1805 com a criação do Reino da Itália.

Moeda de prata de 2 liras de Napoleão, emitida pela casa da moeda de Veneza em 1812

O controle de Veneza é claramente evidente na cunhagem napoleônica , pois há evidências de moedas de cobre de 1, 3 e 5 Centesimi e moedas de prata de 5, 10 Soldi, 1, 2 e 5 Liras. As moedas da casa da moeda de Veneza são reconhecíveis pela presença da marca da casa da moeda V abaixo da data e uma âncora no lado esquerdo.

2. Napoleão foi o primeiro rei da Itália?

Sim, foi o primeiro rei da Itália da era moderna , embora seu reino ocupasse apenas uma parte, ainda que substancial, do território que hoje pertence ao estado italiano.

Entretanto, um Reino da Itália já existia na Idade Média , quase mil anos antes de Napoleão, e foi um dos Reinos em que o Sacro Império Romano de Carlos Magno foi dividido. A partir de então, o título de Rei da Itália permaneceu formalmente em existência até o fim do Sacro Império Romano, ocorrido em 1806, mas os soberanos que o ostentavam, de fato, não exerceram nenhuma soberania territorial, em especial a partir do século XII, após o nascimento e consolidação do movimento das Comunas no norte da Itália.

Napoleão, imperador e rei da Itália, 40 Liras de ouro 1811, Casa da Moeda de Milão

Entre os reis da Itália daquela época, o único que poderia ser definido como italiano foi Arduino de Ivrea , que reinou entre 1002 e 1014 sobre um território que incluía substancialmente as partes norte e central do atual território italiano. Sua soberania sobre aquele território era quase apenas formal, pois os conflitos entre os vários potentados que operavam dentro do Sacro Império Romano o impediram de se afastar de suas fortalezas na área de Canavese.

Antonio Canova: Busto de Napoleão; acervo da Galleria dell'Accademia di Venezia

3. Napoleão foi vítima de atentados contra sua vida?

Depois de quase dois mil anos, a história se repete, mas com um desfecho muito diferente. Júlio César e Napoleão estão unidos pela opinião negativa que partes de suas sociedades contemporâneas tinham em relação a eles. Ambos foram de fato acusados ​​de terem uma atitude ditatorial e de interpretar seu papel de forma monárquica. Para os antigos romanos, foi o fim de uma tradição republicana que havia sido estabelecida cinco séculos antes, após a expulsão de Tarquínio, o Orgulhoso, o último rei de Roma, que havia submetido a população a todas as opressões possíveis. Para os franceses, pior ainda, pois eles se libertaram da monarquia absolutista de estilo medieval há pouco mais de uma década.

E assim ambas as figuras, Júlio César e Napoleão, foram alvo de tentativas de assassinato . No entanto, enquanto Júlio César sucumbiu, também devido ao grande número de conspiradores que se uniram contra ele, Napoleão foi salvo, seja graças a denúncias que levaram à intervenção da polícia, seja por pura sorte, pois a bomba que deveria tê-lo matado foi detonada prematuramente pelos conspiradores.

Em particular, este último ataque ocorreu na véspera de Natal de 1800 , enquanto Napoleão, sua esposa e sua comitiva estavam indo à Ópera para assistir a um espetáculo. Após o fracasso do ataque, que custou a vida de cinco cidadãos indefesos, Napoleão ainda quis ir ao teatro e, ao entrar, foi recebido com uma ovação pelos espectadores que, entretanto, foram informados do ocorrido.

4. Por que Napoleão foi exilado em Santa Helena?

Após a abdicação de Fontainebleau, Napoleão concordou em se retirar para o exílio na Ilha de Elba, mas logo, incitado pelos numerosos seguidores que permaneceram fiéis a ele, deixou a ilha, desembarcou em Toulon e rumou para Paris, em meio aos aplausos da população que encontrou em seu caminho. Tendo retomado o controle da situação, Napoleão imediatamente reuniu um exército e, como era inevitável, entrou em confronto com uma coalizão de todos os outros estados europeus. O confronto decisivo entre os dois campos opostos ocorreu em Waterloo, a famosa batalha cujo resultado permaneceu incerto até o fim.

Com essas premissas, as potências europeias, que tinham que tomar nota da popularidade que Napoleão ainda desfrutava na França, decidiram exilá-lo para um lugar de onde ele não pudesse repetir sua fuga da ilha de Elba e escolheram a remota Santa Helena , uma ilha no Atlântico centro-sul controlada pelos ingleses, localizada a uma distância de aproximadamente 1.900 quilômetros da costa do sudoeste da África.

A ilha, que ainda faz parte das possessões ultramarinas britânicas, era acessível apenas por mar , uma travessia de cinco dias a partir da Cidade do Cabo, até 2017, quando foi inaugurada uma ligação aérea para a África do Sul. Na época em que Napoleão estava exilado ali, a rota marítima que ligava a ilha ao continente africano também estava sujeita a todas as incertezas que a navegação à vela acarreta.

Em tal situação, Napoleão certamente nem sequer teve a oportunidade de tentar escapar de seu confinamento e morreu em Santa Helena em 5 de maio de 1821.

5. Quais são os principais legados do domínio napoleônico?

   
   

Segundo a sensibilidade atual, um Estado não o seria sem a presença em seu ordenamento jurídico do corpo orgânico de disposições de direito civil, denominado Código Civil. Napoleão, que era um homem de seu tempo, deu um forte impulso à elaboração de um Código Civil Francês, destinado a incorporar ao sistema jurídico as exigências de uma sociedade civil profundamente transformada, que aspirava ver os princípios do racionalismo iluminista nos quais a Revolução Francesa se baseou traduzidos na prática.

O Código Civil Francês, caminhando na ponta das baionetas que invadiram a Europa ao som da Marselhesa, cruzou as fronteiras da França e foi substancialmente adotado em muitos outros estados europeus . Após a queda de Napoleão, apesar do lema compartilhado por todas as cortes europeias ser o apagamento de todo vestígio de sua passagem, nenhum governo ousou revogar o Código Napoleônico ; de fato, muitos o substituíram por seu próprio conjunto de leis, mas ainda inspirados pela natureza orgânica do Código Napoleônico.

Destino semelhante aconteceu com o sistema monetário decimal , que identificava as diferentes moedas com o valor de cada uma delas, ligando-as por simples relações de valor, pois eram baseadas em números inteiros recorrentes , com grandes benefícios para a fluidez das transações comerciais. Após sua introdução na França, que também ocorreu durante o período napoleônico, muito poucos estados retornaram aos sistemas monetários anteriores , nos quais cada moeda era identificada com seu próprio nome e todas estavam ligadas entre si por relações de valor abstrusas. A esse respeito, vale destacar que, entre os Estados que não quiseram retornar ao sistema monetário anterior, a França esteve na vanguarda, acolhendo como rei Luís XVIII o irmão daquele Luís XVI que deixou sua cabeça na guilhotina dos revolucionários, entre os quais Napoleão também poderia ser contado.